Lembranças…

A novela “Espelho da Vida” chegou ao fim.

Durante meses acompanhamos a trajetória da personagem principal, que era a reencarnação de uma moça assassinada nos anos 1930, supostamente pelo grande amor da sua vida. Incentivada por um senhor de mais de 80 anos, de ar bondoso, gentil e suave, a personagem viaja no tempo para tentar descobrir quem de fato apertou o gatilho e tirou a sua vida.

Apesar das explicações acima, feitas apenas para situar o assunto, o texto de hoje não é para comentar sobre a novela em si e seus emocionantes capítulos finais. O que quero comentar com vocês está relacionado com uma frase dita pelo tal senhor de 87 anos: “O marquês me deu tudo o que o dinheiro pode comprar, mas nunca me dirigiu um olhar amoroso”. Essa frase me tocou profundamente e me fez pensar…

 

Emiliano Queiroz, como André Luis, na novela Espelho da Vida.

 

Ao longo das nossas vidas, desde a época da escola, buscamos um futuro melhor, confortável e bem sucedido. Cada um a seu modo, acaba relacionando a realização e o sucesso com as questões materiais, seja em forma de títulos, honrarias, realizações, ou ganhos financeiros. Mas será que tudo isso contém mesmo o segredo da tão sonhada e almejada felicidade?

Não estou aqui para falar que o bem estar material não é importante. Definitivamente não. Todos nós temos necessidade de uma vida digna. Mas minha motivação hoje é refletir um pouco mais sobre o assunto.

Estava pensando sobre minhas lembranças infantis, da adolescência, juventude, maturidade… Digo as mais marcantes. Muito poucas dessas épocas têm a ver com as questões materiais. Não que minha vida tenha sido fácil nesse quesito. Não. Mas as que vieram mais facilmente à tona foram as que tiveram uma carga emocional muito grande envolvida. Positiva ou negativa, a emoção falou mais alto, quando a memória foi acionada. Me peguei lembrando do abraço de uma amiga em momento difícil, do carinho e dedicação da minha mãe em momentos importantes, do sorriso amistoso de um provável futuro amigo em um novo trabalho, ou mesmo da pouca receptividade em outro… Enfim, todas essas lembranças, embora algumas estejam relacionadas com questões materiais, tiveram o gatilho da memória acionado por pequenos gestos, por um olhar, por uma atitude.

E aí novamente me veio à cabeça a frase do tal personagem: “…nunca me deu um olhar amoroso”. O velhinho de olhar doce reconhece que a sua vida material foi ótima e que ele teve boas oportunidades, mas o que ele destacou foi o carinho que ele nunca recebeu. Isso me fez pensar também sobre a educação dos nossos filhos. Será que estamos proporcionando boas lembranças para eles? Nossos atos diários demonstram mesmo todo esse amor que sentimos? Qual a carga emocional que estamos deixando na memória dos nossos filhos?

Eu não tenho as respostas. Mas convido a todos a fazer uma brincadeira, ou melhor dizendo, um exercício para a memória. Fechemos nossos olhos e procuremos nos lembrar de algo que tenha nos marcado de alguma forma. O que será que surgirá em nossa tela mental de primeira?

Se quiserem compartilhar suas lembranças, suas opiniões, ou o resultado do “exercício”, fiquem à vontade para deixar um comentário. Se não quiserem, tudo bem também. Fiquemos apenas, cada um, com nossas lembranças e nossos momentos de reflexão.

Até a próxima!

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